segunda-feira, 25 de junho de 2007

Módulo 1000

Bueno, primeiramente, passo a assinar meus posts pra evitar possíveis problemas...

Bueno II - não aguento mais dar a desculpa de falta de tempo, mas é o que rola... perdoem-nos...

Bueno III - last, but not least, este post é sobre o Módulo 1000. Já entrevistamos a banda inteira! Estamos muitíssimo felizes com o resultado das entrevistas. A maioria delas ainda está sendo transcrita mas acho que já dá pra ter uma noção com algumas coisas que posto agora. Gostaríamos de agradecer ao pessoal da banda: Todos foram muuuuuuuuito especiais, mandaram material, scannearam fotos, matérias de jornal e, principalmente, trataram-nos com muito respeito e seriedade... muitíssimo obrigada! Vamo que vamo!!!!







Com vocês, Módulo 1000

O Módulo 1000 é, sem dúvida, dentro do meu critério pessoal, uma das bandas mais psicodélicas de nossa seleção. Por que? Pelos seus shows bizarros, pelas letras curtas, pelas frases sem sentido, pela música pesada, progressiva, pelos happenings, pelo único disco... enfim, discorda? concorda? nunca ouvi? então escuta!



O que é o Módulo 1000?

O jornal Rolling Stone, em sua edição nacional, de número 4 (21 de janeiro de 1972) trazia na segunda capa (interna) anúncio de página inteira com o disco. Está lá escrito: "Nosso som é o som do mundo para ser sacado e curtido" - Módulo 1000, com a foto do quarteto e a capa do disco, trazendo apenas o nome da banda e da obra - "Não Fale Com Paredes". Uma estréia que prometia, mas que enfrentou resistências, mesmo dos setores mais roqueiros da mídia, inclusive do próprio RS. A razão da reação adversa de alguns é, ao mesmo tempo, o grande trunfo do álbum: o som progressivo, altamente técnico, que, ao contrário das críticas, não deixava de manter o pé no rock e da psicodelia. Integravam o grupo carioca, os músicos Luiz Simas (órgão, piano e vocal), Eduardo (baixo), Daniel (guitarra) e Candinho (bateria). (Fernando Rosa, publicado originalmente na Showbizz)





Algumas curiosidades:

Módulo 1000 foi o nome escolhido pela paixão de Daniel pelos módulos espaciais!

Turpe est cine crine caput - é feio uma cabeça sem cabelos... hã? Sim, a música dizia exatamente isso. Pq? Pq sim, ué. Não tem uma explicação mirabolante, para a decepção de muitos... Mas, segundo o Daniel, era a música que a censura encrencava por achar que carregava uma mensagem subliminar subversiva.

Por outro lado, o título do disco é uma afronta... uma mensagem direta à ditadura: NÃO FALE COM PAREDES. Segundo os autores, falar com a censura, com a ditadura, era falar com paredes.

O disco na verdade não é o disco em si. Entendeu? É assim: o que foi gravado não era um projeto final. Uma coisa muito bem elaborada - segundo o guitarrista Daniel Romani. Eram testes. Mas eis que de uma hora pra outra apareceu a oportunidade e gravaram o que existia de concreto e pronto...

Sabem aquele tubo que o Dave Grohl usa na música "Generator" (ahhhhhhhh esqueci o nome e ninguém aqui lembra tb!!!!!)? Aquilo é uma invenção brasileira... INVENÇÃO DO MÓDULO 1000! Pasmem! Acreditem ou não! Sim, eles tb deram um nome que eu também não lembro agora, mas este negócio foi fruto de uma experiência sonora deles. A banda ficava reunida, testando, inventando, e eis que nasceu o filho "famoso". Tem até foto!

O Plim Plim da Globo é criação de Luiz Simas, tecladista do Módulo 1000



Quer saber como era um show do Módulo 1000? O Luiz Simas conta:





"Era um show muito diferente, que não se faz hoje em dia, entende? Vou te dar um exemplo. Tem esse show teatro da praia. A gente alugava um teatro e dava um show em teatro. É um dos lugares que a gente tocava. Por exemplo, no show do teatro na praia, o público entrava, e na platéia tinham manequins sentados, espalhados pela platéia, entende? Manequins assim de roupa. E o show começava com uma projeção na cortina fechada, uma projeção fazendo aquele “rorarr”. (faz barulho imitando leão). E é bem por aí, o show era todo cheio dessas coisas interessantes, e tinha muito solo. E também nesse show no teatro na praia pela primeira vez eu usei um sintetizador. Fui a primeira pessoa no Brasil a usar um sintetizador. Naquela época não existia aqui. E era um sintetizador pequeninho, era do tamanho de uma maleta de executivo. Na época não tinha nem teclado, eram só os efeitos. Os botões com efeitos. E usei isso no show. Então o módulo 1000 era isso. Ah, teve um outro show também, que foi no teatro de arena, foi um show muito importante. Eu esqueci o nome agora, mas foi no teatro de arena no rio, no largo da carioca, com 3 grupos. Era o modulo 1000, o terço e o outro grupo... ai meu deus...era do paulinho machado o grupo... bom, esses três grupos tocavam dentro de um teatro em três partes de um triângulo. Assim um lá em cima em um lugar, o outro totalmente a esquerda e o outro totalmente a direita. Isso ai to falando, a gente tocava por trás da platéia. Que eu me lembre... como é que era mesmo? Eu sei que a gente tocava bem separado, um do outro. E a platéia é uma platéia redonda, porque é um teatro de arena, mas quando o pessoal entrava no teatro, eles tinham q entrar por uma cerca de arame farpado e ficavam separados os grupos por arame farpado. Eu não entendo muito bem, até hoje não sei porque. É uma concepção que o diretor teve pra fazer isso. Eu sei que no palco tinha a mulher do empresário fazendo pipoca. Enquanto a gente tocava. Então tinha essas coisas bem malucas. Um das coisas que eu não posso esquecer de falar, é que tinha um empresário que foi também o empresário de outras bandas do rio, que foi to importante no que eles chamam hoje de rock psicodélico. Ele dava a maior força pra essas loucuras. O nome dele era Marinaldo Guimarães. Eu acho que lee é muito importante você colocar no livro. Ele dava a maior força pra gente ser o mais maluco possível, e ele não era assim, um bom empresário de negócios, não era o forte dele. O forte dele era mais concepção, maluquice, loucura. "



O Luiz Simas é pianista/tecladista e mora hoje em Nova York. Olha só o que ele anda aprontando:






Quer mais? Assim que tivermos as transcrições eu posto, quem sabe com um pouco mais de capricho...rs...
Enjoy!

2 comentários:

lll disse...

Legal reler esta história do Módulo Mil tocar em um teatro com o Terço. No site da cantora Diana Dasha (que fez sucesso como cantora da Equipe Mercado) há uma foto em que a Equipe toca no II festival Universitário. Olhando atentamente, no bumbo do baterista há um escrito em que só está legível: "LO 1000". Perguntei à Diana Dasha (www.dianadasha.com.br) se eles haviam tocado com o Módulo mas ela disse não se lembrar.

Enfim.. continuem com o ótimo trabalho!

Abraços.

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog e pela excelente matéria com o Módulo 1000. Tinha 2 cópias originais de 1971 e precisei vendê-los (por uma pequena fortuna é claro!) Mas já chegou outro da World in sound. Assisti o show do M 1000 se não me engano na Praia de Ipanema nos anos 70 e na reportagem do jornal do dia seguinte uma nota dizia assim. "Dois músicos do Módulo 1000 seguem para os Estados Unidos para compra de equipamentos e teclado de sintetizador". Só não sei se eles são os pioneiros com o instrumento no Brasil. A propósito apenas uma observação, a 2° foto de cima para baixo é uma foto do Vímana e não do Módulo 1000. Tenho esta foto em um digipack do Vímana, aquelas músicas do lp que nunca foi lançado. De qq forma parabéns pelo Blog. Ah! Sim, també estou escrevendo um livro sobre "A música progr e underground no Brasil e no resto do Mundo" onde falo sobre bandas pouco comentadas, casas de shows dos anos 80, músicos brasileiros cantando em inglês além de bandas obscuras que nunca tiveram disco lançado. Tá ficando bem legal !
Se quiser entrar em contato comigo, estou no Orkut como B. Santoro.
meu e-mail é beny@click21.com.br
Um forte prog abç.