sexta-feira, 30 de março de 2007

Baratos Afins



Em novembro do ano passado, quando o projeto nem tinha sido passado pro papel, demos um pulo na Baratos Afins, a lendária loja/selo do igualmente lendário Luiz Calanca. Em duas horas de papo, ele deu uma aula, abriu a caixa de memórias e a agenda telefônica. Foi incrível. Segue um trecho da conversa:

"A psicodelia começou mesmo em 65, 66, com as bandas de garagem que começaram a adicionar colagens nas suas canções. Eu acho que teve uma expansão do movimento com a introdução do lsd no mercado americano. O lsd começa a abrir a cabeça de uma tal maneira que os caras começaram a fazer todas aquelas colagens inspiradas nas reações do ácido. Eles pregavam essas músicas de protesto, tinha o movimento hippie, que foi sufocado por eles próprios porque começou a virar comércio. A indústria começou a explorar a cultura hippie então eles mesmos enterraram o movimento. Aqui no Brasil tinha um reflexo disto, obviamente, sempre meio atrasado mas tinha. Então aqui muitas bandas que a gente chama de bicho grilo as primeiras sintonias ligadas com essa turma de fora.

Calanca, no aconchego de seus discos

Embora aqui ninguém falava assim “ah tô fazendo um som psicodélico”, na verdade estavam vivendo aquilo no mundo, em protesto à guerra do Vietnã, e foi justamente nesse momento que tava acontecendo tudo junto, o movimento flower power, as músicas de protesto, o movimento hippie, foi tudo em 66 até 69, esses três anos aí aconteceu muita coisa, inclusive o movimento black. Eu poderia arriscar que é a televisão sabe, que começou a chegar, a ficar popular, chegar a todos os lugares. Era isso mesmo, quando a gente acordou e via tudo aquilo no mundo, aí o Brasil começou a absorver tudo isso e, nesse momento, estavam acontecendo os festivais da Record , com Caetano, Mutantes, Jorge Ben, Ronnie Von, e esses caras eram nossos porta vozes".

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