Pra quem quiser saber... este é o plano!
Pré-projeto
Geração Bendita/ Cê tá pensando que eu sou Loki, bicho?
A história obscura da psicodelia brasileira
Aline Maria Ridolfi
Ana Paula Tomasinni Canestrelli
Tatiana Kudrjawzew de Mello Dias
4o JO C
Orientador
Prof. Wellington Andrade
Psicodélico
Psico + el. Delo
Psic (o): do grego psukhe.
1. alma, em tempos conexos com a religião e a metafísica
2. Espírito, princípio pensante, atividade mental
Delo: do grego Delos.
Visível, claro, manifesto, evidente
1. Que produz efeitos alucinógenos (p. ex, o LSD)
1.1. Relativo a esse efeito
2. Diz-se da produção intelectual elaborada sob o efeito de um alucinógeno
3. p. ext. diz-se de qualquer produção intelectual que se assemelha ou procura imitar as obras criadas sob efeito de alucinógeno
Louco (adj.): afetado por um alto grau de independência intelectual.
(Ambrose Bierce)
Geração Bendita/ Cê tá pensando que eu sou Loki, bicho?
A história obscura da psicodelia brasileira
Aline Maria Ridolfi
Ana Paula Tomasinni Canestrelli
Tatiana Kudrjawzew de Mello Dias
4o JO C
Orientador
Prof. Wellington Andrade
Psicodélico
Psico + el. Delo
Psic (o): do grego psukhe.
1. alma, em tempos conexos com a religião e a metafísica
2. Espírito, princípio pensante, atividade mental
Delo: do grego Delos.
Visível, claro, manifesto, evidente
1. Que produz efeitos alucinógenos (p. ex, o LSD)
1.1. Relativo a esse efeito
2. Diz-se da produção intelectual elaborada sob o efeito de um alucinógeno
3. p. ext. diz-se de qualquer produção intelectual que se assemelha ou procura imitar as obras criadas sob efeito de alucinógeno
Louco (adj.): afetado por um alto grau de independência intelectual.
(Ambrose Bierce)
1. Delimitação do Assunto:
O presente trabalho tem o objetivo de levar ao conhecimento do público um gênero pouco explorado da música nacional: a psicodelia. Serão apresentadas bandas e personagens que constituíam a cena underground no final da década de 60 e início de 70, que se expressavam por meio de uma atitude “psicodélica”. Surgidas em um contexto pós-tropicalista – ou melhor, criadas após o rompimento de padrões sonoros propostos pelo tropicalismo – esses criadores se dedicavam ao rock, aos ritmos regionais e, principalmente, à experimentação sonora.
O trabalho irá contar a história de alguns destes artistas fundamentais para o entendimento do período – mas que, até hoje, permanecem desconhecidos do grande público. Eles participaram de uma cena alternativa que, em sua maior parte, não chegou a eclodir na grande mídia – salvo poucas aparições como acompanhantes dos músicos tropicalistas.
A idéia do tema surgiu quando o grupo conheceu tais bandas e seus discos. Na internet, é possível encontrar blogs e publicações online sobre essa cena – e eles alcançam um sucesso considerável de público. Foi ali que vimos a quantidade de boas histórias ligadas ao gênero, que merecem um tratamento menos folclórico, e mais jornalístico.
A psicodelia brasileira, sem dúvida, começou no tropicalismo. Os maestros Rogério Duprat, mais, e Júlio Medaglia, menos, são os mentores musicais do tropicalismo – e são responsáveis pelo rompimento formal de padrões da MPB. O tropicalismo chocou a ala conservadora da música nacional, e a psicodelia brasileira é conseqüência disso. Se os tropicalistas romperam padrões para incluir guitarras elétricas em seus sons, essas bandas alternativas seguiam o caminho inverso. Elas eram formadas por adolescentes, que gostavam de rock e que não se renderam à ortodoxia do ritmo. Pelo contrário: aprenderam que poderiam incluir novas sonoridades ao som roqueiro já consolidado.
A riqueza dos sons é impressionante – alguns álbuns dessa época foram redescobertos e hoje os LPs originais valem milhares de dólares no mercado europeu. Poucos músicos da época tornaram-se conhecidos hoje, como, por exemplo, Zé Ramalho e Lulu Santos, que foram integrantes de bandas de rock psicodélico. A maioria dos garotos, hoje, são senhores anônimos, com vidas comuns. Alguns enlouqueceram graças à enorme quantidade de drogas ingeridas. Outros morreram. Quase nada sobrou, à exceção da memória das loucuras da época.
É incrível observar a fusão proposta por essas bandas. Talvez este seja o ponto em comum entre todas elas: a experimentação. A sonoridade de cada uma, pelo contrário, é independente de qualquer gênero. Observa-se um estilo base, mas é possível encontrar em um só disco rock, baião, folk, bossa nova e outros sons. As letras também são ponto fundamental em toda esta trajetória. Menções a extraterrestres, drogas ilícitas, cidades do interior, personagens hipotéticas, bandas internacionais, lingeries, demônios e surtos esquizofrênicos, flores que falam... tudo era motivo de composição. É a arte livre. A não-imposição de limites. A quebra de tabus em uma época marcada pela repressão do Estado.
Havia muito mais do que música em jogo. Era um estado de espírito adotado por pessoas diferentes. O modo de se vestir, de viver, de compor, de mostrar a arte em suas apresentações, tudo era marcado fortemente pela característica psicodélica. Enquanto Andy Warhol criava capas alucinadas para artistas internacionais, desenhistas brasileiros faziam obras-primas também em capas nacionais. Mas a loucura era incômoda e a maioria dos artistas envolvidos nesta fase era barrada em gravadoras, ou censurados, na hora de lançar os discos. A maioria fez carreira independente, em âmbito regional.
Muito se falou da psicodelia estrangeira. A era internacional do LSD trouxe à tona faces obscuras de bandas como os Beatles e os Rolling Stones e revelou nomes como The Doors, Jimi Hendrix, Pink Floyd, Steppenwolf, entre outros. O Brasil não ficou de fora do “movimento”. Foi uma época de grande produção artística, especialmente musical. Apesar de pouco conhecido, trata-se de um período extremamente rico; é notável a influência, talvez um pouco camuflada, que os tais músicos têm em relação ao que está no mercado atual, ainda que independente.
Hoje não existe nenhuma publicação específica sobre essa cena. Mesmo que não possa ser chamada de “movimento”, a psicodelia brasileira tem um começo e uma trajetória – que percorre São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Recife, principalmente. E, ao contrário do tropicalismo – que foi extinto oficialmente por seus músicos – ela permanece até hoje, influenciando bandas cultuadas como Júpiter Maçã e Mopho.
O trabalho irá retratar as bandas e personagens que existiram durante um período específico – 1967 a 1975 -, em quatro localidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Rio Grande do Sul. O tropicalismo também será abordado em um capítulo introdutório – entretanto, no livro, a meta principal é contar histórias desconhecidas e fazer o público mergulhar no som e na estética psicodélica.
Escolhemos um formato alternativo que satisfizesse a qualidade da mensagem que pretendemos passar, sem criar ruídos na informação. Um livro-reportagem, com ensaio fotográfico e CD de áudio (com uma seleção de músicas relacionadas às histórias que venham a fazer parte do conteúdo) como acompanhamento. Acreditamos que assim atingiremos nossos objetivos, contando a história, mostrando visualmente as imagens da época, dos envolvidos, do estilo, das capas de discos, dos shows, provando o que falamos com as canções das bandas mencionadas e, acima de tudo, dando liberdade para que o leitor tire suas próprias conclusões a respeito de toda esta experimentação sonora. Com estes três elementos pretendemos fazer com que o leitor tenha a exata noção do que acontecia. Que ele mate a curiosidade que ganhará ao longo das histórias contadas.
2. Procedimentos metodológicos e técnicos
a) Literatura específica
A literatura específica nos ajuda a levantar os personagens do livro e avaliar a importância deles no cenário. Para este trabalho, há dois tipos de literatura: a teórica, onde a contracultura é avaliada por acadêmicos e especialistas (como em “Anos 70: Ainda sob a tempestade”, coletânea de textos do filósofo Adauto Novaes), que nos ajuda a entender o pensamento da época, e a histórica. Esta é fundamental para acompanharmos a trajetória de alguns personagens essenciais na história que contaremos – como Arnaldo Baptista, dissecado em “A divina comédia dos Mutantes”, livro de Carlos Calado. Como não vivemos a época, a literatura nos passa um olhar panorâmico do que foram aqueles anos e, principalmente, do que era para um jovem embarcar naquelas viagens, naquela época.
b) Entrevistas com jornalistas
Assim como a literatura, as entrevistas com jornalistas apresentam um panorama da cena cultural da época. Entrevistaremos alguns personagens fundamentais no jornalismo musical da época – Ezequiel Neves, Nelson Motta, Ana Maria Bahiana, Luiz Carlos Maciel e Fernando Rosa -, que, de certa maneira, têm uma visão global daquela cena musical. Eles conhecem bem os personagens e sabem apontar os artistas mais representativos da época. Por isso, antes de partirmos para as entrevistas com os músicos, é importante termos uma visão geral desta cena em especial. E são essas primeiras conversas que nos proporcionarão isso.
c) Pesquisa de periódicos
Periódicos da época também serão analisados. É a melhor maneira de saber como a mídia cobria a cena e etntar entender os hábitos da época. Além de revistas culturais, como a Rolling Stone brasileira e o Pasquim, pesquisaremos também grandes publicações.
d) Entrevistas com os personagens
- Entre os meses de março e setembro faremos entrevistas com nossos personagens. Partiremos dos tropicalistas Tom Zé, Jorge Mautner e Lanny Gordin.
- Entrevistas individuais e em grupo com os personagens envolvidos, músicos que participaram da psicodelia nacional, parentes e amigos dos escolhidos. Entre eles, Ronnie Von, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, Serguei, Os Baobás, Spectrum, Módulo 1000, Lula Côrtes, Zé Ramalho, entre outros.
- Entrevistas com o público da época. Os fãs dos artistas em questão, pessoas que participaram da psicodelia nacional, como Luiz Calanca, por exemplo, dono da loja e selo musical Baratos Afins.
- Análise e avaliação do material coletado.
e) Pesquisas em gravadoras, catálogos de selos antigos, sebos e lojas de discos
Cronograma de Desenvolvimento:
Fase 1 – dezembro de 2006 a março de 2007
- Leitura das obras escolhidas para pesquisa
- Estudos teóricos
- Pesquisas em jornais e revistas
- Ensaios fotográficos com capas de discos
- Pesquisa de fotos aleatórias da época
Fase 2 – abril a junho
- Entrevistas com músicos, artistas, parentes, amigos, fãs, jornalistas e especialistas
- Ensaios fotográficos durante as entrevistas
- Preparação do material recolhido (transcrição de fitas, tratamento de imagens)
- Requerimento de faixas musicais diretamente com os entrevistados (com cessão de direitos autorais) para o CD
- Estruturação dos capítulos
- Redação dos primeiros capítulos – Entrega do trabalho para qualificação
Fase 3 – julho a setembro
- Redação dos capítulos restantes
- Redação da introdução e agradecimentos
- Escolha das imagens
- Escolha das faixas do CD
Fase 4 – outubro
- Entrega do trabalho para críticas e avaliações de convidados, especialistas e orientador
- Correções/ Revisão
- Edição
- Diagramação, impressão e encadernação das cópias
- Entrega do projeto à Coordenadoria de Projetos Experimentais
Estruturação inicial de capítulos:
A estruturação dos capítulos dar-se-á da seguinte forma:
Capítulo 1: Tropicalismo
A psicodelia brasileira só foi possível a partir da quebra de barreiras realizada pelos tropicalistas. Tom Zé, Jorge Mautner e Lanny Gordin –selecionados por representarem, em sua força máxima, o rompimento de padrões – falarão sobre o tema.
Capítulo 2 em diante: Reconstrução da cena
Foram os tropicalistas que descobriram Os Mutantes – expressão máxima da psicodelia nacional -, Os Baobás e The Beat Boys, entre outras bandas de rock psicodélico. Por isso, começaremos por São Paulo, terra natal da cena. Depois, partiremos para as histórias cariocas, gaúchas e, por fim, a tardia cena pernambucana.
Final: Balanço de influências
Traçaremos um paralelo entre o que aconteceu e a influência que o experimentalismo exerce hoje.
Bibliografia Básica:
BAHIANA, Ana Maria. Almanaque Anos 70. São Paulo: Ediouro, 2006.
NOVAES, Adauto. Anos 70: Ainda sob a tempestade. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2005.
BAHIANA, Ana Maria. Nada será como antes: MPB anos 70: 30 anos depois. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2006.
FERREIRA, Glória. Escritos de Artistas: Anos 60/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa. Asdrubal trouxe o trombone: Memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2004.
DIAS, Lucy. Anos 70: Enquanto corria a barca. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2003.
MACIEL, Luiz Carlos. Geração em transe. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
CALADO, Carlos. A divina comédia dos mutantes. São Paulo: Ed. 34, 1995.
DEL RIOS, Jefferson. Bananas ao vento: meia década de cultura e política em São Paulo. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2006.
Arquivos do jornal A Folha de S. Paulo
Arquivos do jornal O Estado de S. Paulo
O presente trabalho tem o objetivo de levar ao conhecimento do público um gênero pouco explorado da música nacional: a psicodelia. Serão apresentadas bandas e personagens que constituíam a cena underground no final da década de 60 e início de 70, que se expressavam por meio de uma atitude “psicodélica”. Surgidas em um contexto pós-tropicalista – ou melhor, criadas após o rompimento de padrões sonoros propostos pelo tropicalismo – esses criadores se dedicavam ao rock, aos ritmos regionais e, principalmente, à experimentação sonora.
O trabalho irá contar a história de alguns destes artistas fundamentais para o entendimento do período – mas que, até hoje, permanecem desconhecidos do grande público. Eles participaram de uma cena alternativa que, em sua maior parte, não chegou a eclodir na grande mídia – salvo poucas aparições como acompanhantes dos músicos tropicalistas.
A idéia do tema surgiu quando o grupo conheceu tais bandas e seus discos. Na internet, é possível encontrar blogs e publicações online sobre essa cena – e eles alcançam um sucesso considerável de público. Foi ali que vimos a quantidade de boas histórias ligadas ao gênero, que merecem um tratamento menos folclórico, e mais jornalístico.
A psicodelia brasileira, sem dúvida, começou no tropicalismo. Os maestros Rogério Duprat, mais, e Júlio Medaglia, menos, são os mentores musicais do tropicalismo – e são responsáveis pelo rompimento formal de padrões da MPB. O tropicalismo chocou a ala conservadora da música nacional, e a psicodelia brasileira é conseqüência disso. Se os tropicalistas romperam padrões para incluir guitarras elétricas em seus sons, essas bandas alternativas seguiam o caminho inverso. Elas eram formadas por adolescentes, que gostavam de rock e que não se renderam à ortodoxia do ritmo. Pelo contrário: aprenderam que poderiam incluir novas sonoridades ao som roqueiro já consolidado.
A riqueza dos sons é impressionante – alguns álbuns dessa época foram redescobertos e hoje os LPs originais valem milhares de dólares no mercado europeu. Poucos músicos da época tornaram-se conhecidos hoje, como, por exemplo, Zé Ramalho e Lulu Santos, que foram integrantes de bandas de rock psicodélico. A maioria dos garotos, hoje, são senhores anônimos, com vidas comuns. Alguns enlouqueceram graças à enorme quantidade de drogas ingeridas. Outros morreram. Quase nada sobrou, à exceção da memória das loucuras da época.
É incrível observar a fusão proposta por essas bandas. Talvez este seja o ponto em comum entre todas elas: a experimentação. A sonoridade de cada uma, pelo contrário, é independente de qualquer gênero. Observa-se um estilo base, mas é possível encontrar em um só disco rock, baião, folk, bossa nova e outros sons. As letras também são ponto fundamental em toda esta trajetória. Menções a extraterrestres, drogas ilícitas, cidades do interior, personagens hipotéticas, bandas internacionais, lingeries, demônios e surtos esquizofrênicos, flores que falam... tudo era motivo de composição. É a arte livre. A não-imposição de limites. A quebra de tabus em uma época marcada pela repressão do Estado.
Havia muito mais do que música em jogo. Era um estado de espírito adotado por pessoas diferentes. O modo de se vestir, de viver, de compor, de mostrar a arte em suas apresentações, tudo era marcado fortemente pela característica psicodélica. Enquanto Andy Warhol criava capas alucinadas para artistas internacionais, desenhistas brasileiros faziam obras-primas também em capas nacionais. Mas a loucura era incômoda e a maioria dos artistas envolvidos nesta fase era barrada em gravadoras, ou censurados, na hora de lançar os discos. A maioria fez carreira independente, em âmbito regional.
Muito se falou da psicodelia estrangeira. A era internacional do LSD trouxe à tona faces obscuras de bandas como os Beatles e os Rolling Stones e revelou nomes como The Doors, Jimi Hendrix, Pink Floyd, Steppenwolf, entre outros. O Brasil não ficou de fora do “movimento”. Foi uma época de grande produção artística, especialmente musical. Apesar de pouco conhecido, trata-se de um período extremamente rico; é notável a influência, talvez um pouco camuflada, que os tais músicos têm em relação ao que está no mercado atual, ainda que independente.
Hoje não existe nenhuma publicação específica sobre essa cena. Mesmo que não possa ser chamada de “movimento”, a psicodelia brasileira tem um começo e uma trajetória – que percorre São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Recife, principalmente. E, ao contrário do tropicalismo – que foi extinto oficialmente por seus músicos – ela permanece até hoje, influenciando bandas cultuadas como Júpiter Maçã e Mopho.
O trabalho irá retratar as bandas e personagens que existiram durante um período específico – 1967 a 1975 -, em quatro localidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Rio Grande do Sul. O tropicalismo também será abordado em um capítulo introdutório – entretanto, no livro, a meta principal é contar histórias desconhecidas e fazer o público mergulhar no som e na estética psicodélica.
Escolhemos um formato alternativo que satisfizesse a qualidade da mensagem que pretendemos passar, sem criar ruídos na informação. Um livro-reportagem, com ensaio fotográfico e CD de áudio (com uma seleção de músicas relacionadas às histórias que venham a fazer parte do conteúdo) como acompanhamento. Acreditamos que assim atingiremos nossos objetivos, contando a história, mostrando visualmente as imagens da época, dos envolvidos, do estilo, das capas de discos, dos shows, provando o que falamos com as canções das bandas mencionadas e, acima de tudo, dando liberdade para que o leitor tire suas próprias conclusões a respeito de toda esta experimentação sonora. Com estes três elementos pretendemos fazer com que o leitor tenha a exata noção do que acontecia. Que ele mate a curiosidade que ganhará ao longo das histórias contadas.
2. Procedimentos metodológicos e técnicos
a) Literatura específica
A literatura específica nos ajuda a levantar os personagens do livro e avaliar a importância deles no cenário. Para este trabalho, há dois tipos de literatura: a teórica, onde a contracultura é avaliada por acadêmicos e especialistas (como em “Anos 70: Ainda sob a tempestade”, coletânea de textos do filósofo Adauto Novaes), que nos ajuda a entender o pensamento da época, e a histórica. Esta é fundamental para acompanharmos a trajetória de alguns personagens essenciais na história que contaremos – como Arnaldo Baptista, dissecado em “A divina comédia dos Mutantes”, livro de Carlos Calado. Como não vivemos a época, a literatura nos passa um olhar panorâmico do que foram aqueles anos e, principalmente, do que era para um jovem embarcar naquelas viagens, naquela época.
b) Entrevistas com jornalistas
Assim como a literatura, as entrevistas com jornalistas apresentam um panorama da cena cultural da época. Entrevistaremos alguns personagens fundamentais no jornalismo musical da época – Ezequiel Neves, Nelson Motta, Ana Maria Bahiana, Luiz Carlos Maciel e Fernando Rosa -, que, de certa maneira, têm uma visão global daquela cena musical. Eles conhecem bem os personagens e sabem apontar os artistas mais representativos da época. Por isso, antes de partirmos para as entrevistas com os músicos, é importante termos uma visão geral desta cena em especial. E são essas primeiras conversas que nos proporcionarão isso.
c) Pesquisa de periódicos
Periódicos da época também serão analisados. É a melhor maneira de saber como a mídia cobria a cena e etntar entender os hábitos da época. Além de revistas culturais, como a Rolling Stone brasileira e o Pasquim, pesquisaremos também grandes publicações.
d) Entrevistas com os personagens
- Entre os meses de março e setembro faremos entrevistas com nossos personagens. Partiremos dos tropicalistas Tom Zé, Jorge Mautner e Lanny Gordin.
- Entrevistas individuais e em grupo com os personagens envolvidos, músicos que participaram da psicodelia nacional, parentes e amigos dos escolhidos. Entre eles, Ronnie Von, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, Serguei, Os Baobás, Spectrum, Módulo 1000, Lula Côrtes, Zé Ramalho, entre outros.
- Entrevistas com o público da época. Os fãs dos artistas em questão, pessoas que participaram da psicodelia nacional, como Luiz Calanca, por exemplo, dono da loja e selo musical Baratos Afins.
- Análise e avaliação do material coletado.
e) Pesquisas em gravadoras, catálogos de selos antigos, sebos e lojas de discos
Cronograma de Desenvolvimento:
Fase 1 – dezembro de 2006 a março de 2007
- Leitura das obras escolhidas para pesquisa
- Estudos teóricos
- Pesquisas em jornais e revistas
- Ensaios fotográficos com capas de discos
- Pesquisa de fotos aleatórias da época
Fase 2 – abril a junho
- Entrevistas com músicos, artistas, parentes, amigos, fãs, jornalistas e especialistas
- Ensaios fotográficos durante as entrevistas
- Preparação do material recolhido (transcrição de fitas, tratamento de imagens)
- Requerimento de faixas musicais diretamente com os entrevistados (com cessão de direitos autorais) para o CD
- Estruturação dos capítulos
- Redação dos primeiros capítulos – Entrega do trabalho para qualificação
Fase 3 – julho a setembro
- Redação dos capítulos restantes
- Redação da introdução e agradecimentos
- Escolha das imagens
- Escolha das faixas do CD
Fase 4 – outubro
- Entrega do trabalho para críticas e avaliações de convidados, especialistas e orientador
- Correções/ Revisão
- Edição
- Diagramação, impressão e encadernação das cópias
- Entrega do projeto à Coordenadoria de Projetos Experimentais
Estruturação inicial de capítulos:
A estruturação dos capítulos dar-se-á da seguinte forma:
Capítulo 1: Tropicalismo
A psicodelia brasileira só foi possível a partir da quebra de barreiras realizada pelos tropicalistas. Tom Zé, Jorge Mautner e Lanny Gordin –selecionados por representarem, em sua força máxima, o rompimento de padrões – falarão sobre o tema.
Capítulo 2 em diante: Reconstrução da cena
Foram os tropicalistas que descobriram Os Mutantes – expressão máxima da psicodelia nacional -, Os Baobás e The Beat Boys, entre outras bandas de rock psicodélico. Por isso, começaremos por São Paulo, terra natal da cena. Depois, partiremos para as histórias cariocas, gaúchas e, por fim, a tardia cena pernambucana.
Final: Balanço de influências
Traçaremos um paralelo entre o que aconteceu e a influência que o experimentalismo exerce hoje.
Bibliografia Básica:
BAHIANA, Ana Maria. Almanaque Anos 70. São Paulo: Ediouro, 2006.
NOVAES, Adauto. Anos 70: Ainda sob a tempestade. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2005.
BAHIANA, Ana Maria. Nada será como antes: MPB anos 70: 30 anos depois. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2006.
FERREIRA, Glória. Escritos de Artistas: Anos 60/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa. Asdrubal trouxe o trombone: Memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2004.
DIAS, Lucy. Anos 70: Enquanto corria a barca. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2003.
MACIEL, Luiz Carlos. Geração em transe. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
CALADO, Carlos. A divina comédia dos mutantes. São Paulo: Ed. 34, 1995.
DEL RIOS, Jefferson. Bananas ao vento: meia década de cultura e política em São Paulo. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2006.
Arquivos do jornal A Folha de S. Paulo
Arquivos do jornal O Estado de S. Paulo
Arquivos da revista Rolling Stone brasileira
3 comentários:
uááá-uááá-uááá-uáuáuá...
step by step:como dominar o mundo ;-)
d++++++++++++
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